Há quem acredite que cada um de nós vêm com uma missão na vida. Para os céticos, eu diria que cada um de nós tem um dom que nos torna único, seja ele presenteado quando nascemos ou desenvolvidos quando crescemos. Religião, acaso, destino, qualquer que seja a crença, todos sabemos que existem diferenças entre as pessoas.
O fato é que o dom que nos é dado - ou que desenvolvemos - não é privado. Um dom é preciso ser compartilhado. Saber fazer bem uma coisa só dá frutos quando isso é doado. Já foi comprovado que o corpo humano rejeita solidão. Qual maior comprovação, que um dom é pra ser servido em comunhão?
Que graça tem a mágica sem o sorriso da plateia? Que magia tem um texto, se não é lido e refletido? Que emoção tem a arte - seja dança, seja teatro -, se não é admirada? Que propósito tem um médico sem alguém para curar? Que sabedoria será transmitida sem professores apaixonados?
Dons são pra ser cultivados, mas não pra dentro, pra todos os lados. Se o seu você ainda não tiver achado, não se preocupe, pois tem um guardado. Você não sabe qual ele é, mas todo mundo em volta sabe.
Um dom compartilhado é definitivamente um amor cultivado.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
O dom das palavras
Acordei com vontade de escrever hoje sobre uma coisa que tá na minha cabeça há um tempo.
O Caetano disse na música dele que "quando a gente gosta, é claro que a gente cuida". Durante a minha curta caminhada, já aprendi que existem situações tão devastadoras que cuidado nenhum pode curar uma dor. A dor de uma perda, a dor da saudade, a dor de um inconformismo... Nada disso pode ser curado, se esse alguém não quiser ser ajudado.
Porém, são muitas as vezes em que a dor do outro é sua também, tanto é o amor que a gente tem. No meu desespero de trocar uma lágrima por um riso tentei achar uma solução. Busquei, busquei... Me vi com um lápis na mão.
Não sei contar o número de vezes que escrevi para confortar um coração angustiado, fosse o meu ou de alguém do lado. Mas descobri que palavra nenhuma no mundo, ou mesmo o arranjo mais bonito que elas possam ter, tem efeito duradouro.
As palavras pertencem ao plano das teorias, o plano das fantasias. É mais fácil escrever do que fazer. No fim, o que vale mesmo é a intenção, porque - efêmeras ou não - vale o sorriso que causaram, o sentimento que despertaram e o amor que demonstraram. Elas podem não ter o poder de cura ou de ação, mas têm o de causar emoção.
Palavras são pra mim um bem precioso. Nelas eu guardo meus segredos, comemoro meus sucessos, confesso meus anseios, lamento minhas ilusões, conforto quem precisa e falo da vida...
Escolha bem a palavra proferida, ela, ás vezes, tem o poder de jamais ser esquecida.
O Caetano disse na música dele que "quando a gente gosta, é claro que a gente cuida". Durante a minha curta caminhada, já aprendi que existem situações tão devastadoras que cuidado nenhum pode curar uma dor. A dor de uma perda, a dor da saudade, a dor de um inconformismo... Nada disso pode ser curado, se esse alguém não quiser ser ajudado.
Porém, são muitas as vezes em que a dor do outro é sua também, tanto é o amor que a gente tem. No meu desespero de trocar uma lágrima por um riso tentei achar uma solução. Busquei, busquei... Me vi com um lápis na mão.
Não sei contar o número de vezes que escrevi para confortar um coração angustiado, fosse o meu ou de alguém do lado. Mas descobri que palavra nenhuma no mundo, ou mesmo o arranjo mais bonito que elas possam ter, tem efeito duradouro.
As palavras pertencem ao plano das teorias, o plano das fantasias. É mais fácil escrever do que fazer. No fim, o que vale mesmo é a intenção, porque - efêmeras ou não - vale o sorriso que causaram, o sentimento que despertaram e o amor que demonstraram. Elas podem não ter o poder de cura ou de ação, mas têm o de causar emoção.
Palavras são pra mim um bem precioso. Nelas eu guardo meus segredos, comemoro meus sucessos, confesso meus anseios, lamento minhas ilusões, conforto quem precisa e falo da vida...
Escolha bem a palavra proferida, ela, ás vezes, tem o poder de jamais ser esquecida.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Morena da flor
Melissa tem os cabelos negros como a noite e os olhos cor de jabuticaba. Morena com cheiro de flor, por causa do perfume. Apaixonava-se facilmente... Tinha um sonho romântico do príncipe encantado.
Um dia, ofereceram-lhe um botão de rosa vermelho:
- Morena, pra nós todo amor do mundo.
Bastou. Encantou-se, é preciso dizer mais? Só que como a flor que é arrancada do jardim e morre, assim era aquele romance disfarçado de eternidade. Não por falta de amor, por falta de escolha.
- Não tem nada que eu possa dizer que faça mudar tua escolha?
Não, respondeu friamente o moço da rosa, apesar de na hora do adeus ter pedido um abraço e chorado lágrimas de arrependimento. Vai entender...
Um outro dia, bem distante daquele ali de cima, conheceu um amor tão puro que esqueceu de todos os outros. Nem sabe se foram amores... O moço da rosa voltou. Dessa vez deu uma de vidro, verde:
- É verdade que minha flor serviu pra que você achasse alguém?
Melissa não respondeu e também não disse adeus.
Duas pessoas não seguem caminhos diferentes por conta de um capricho do destino ou atalhos do acaso. É muito comum ter uma parte que escolhe pela outra. Nesse caso, sem opção, o que fazer, senão tentar esquecer? É assim que as pessoas que fazem parte da nossa vida, passam a ser lembranças e depois vestígios.
Escolher ficar com quem você ama, sabendo de todos os riscos e dificuldades que existem no amor, é a escolha mais nobre que um ser humano pode fazer.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Branquinho charmoso
De branco, só os cabelos – lindos, por sinal – e a pele. O resto todo são cores: vivas e enérgicas.
A começar pela voz. A voz de radialista forte e grave que brada a todo instante. Nos domingos de manhã nos traz as notícias mais importantes. Na pia, enquanto lava as louças, nos canta um canto nordestino de Gonzaga: “já faz três noites que no norte relampeia (...)”. Do computador, a voz lê de tudo um pouco. Mas, a parte que eu mais gosto é quando chama: “ô Letícia”, com aquele sotaque especial.
A alma é nata de um Tôrres: agitadíssima e às vezes bem nervosa. É teimosa e muito brincalhona. É dengosa e também sabichona. É uma alma pela qual todo mundo se apaixona. Sandália de couro nos pés, shorts, blusa social de manga curta, óculos escuros e – os acessórios indispensáveis – pente e caneta no bolso. Charme puro! Se chama vovô Zezinho, meu fã número 1.
Não importa o quão bonito eu possa escrever, palavra nenhuma no mundo pode expressar meu amor por você. Ele é grande demais pra caber aqui, como o mar que não cabe na sua janela.
Como é gostoso ter você na minha vida, branquinho charmoso.
É meu jeito de dizer: parabéns pra você! Te desejo toda sabedoria que alguém pode ter, porque saber é o que lhe dá mais prazer!
Eu queria que você vivesse mais 70 anos...
Te amo, Lelê.
A começar pela voz. A voz de radialista forte e grave que brada a todo instante. Nos domingos de manhã nos traz as notícias mais importantes. Na pia, enquanto lava as louças, nos canta um canto nordestino de Gonzaga: “já faz três noites que no norte relampeia (...)”. Do computador, a voz lê de tudo um pouco. Mas, a parte que eu mais gosto é quando chama: “ô Letícia”, com aquele sotaque especial.
A alma é nata de um Tôrres: agitadíssima e às vezes bem nervosa. É teimosa e muito brincalhona. É dengosa e também sabichona. É uma alma pela qual todo mundo se apaixona. Sandália de couro nos pés, shorts, blusa social de manga curta, óculos escuros e – os acessórios indispensáveis – pente e caneta no bolso. Charme puro! Se chama vovô Zezinho, meu fã número 1.
Não importa o quão bonito eu possa escrever, palavra nenhuma no mundo pode expressar meu amor por você. Ele é grande demais pra caber aqui, como o mar que não cabe na sua janela.
Como é gostoso ter você na minha vida, branquinho charmoso.
É meu jeito de dizer: parabéns pra você! Te desejo toda sabedoria que alguém pode ter, porque saber é o que lhe dá mais prazer!
Eu queria que você vivesse mais 70 anos...
Te amo, Lelê.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Saudade, de novo
Não sei quem disse que saudade é um sentimento que quando não cabe no peito, escorre pelos olhos. Eu não canso de falar de saudade... É um sentimento que me encanta, me fascina.
Saudade pra mim vem acompanhada de eternidade.E com todo respeito Aurélio... Eterno é palavra grande e bela demais pra ter como definição "aquilo que não tem princípio nem fim". Eterno? Aquilo que não sai da memória, tá no gene da sua história e pra esquecer não tem solução... Foi gravado bem fundo no seu coração. E vira saudade eterna.
Saudade pra mim vem acompanhada de alegrias e tristezas. É difícil alguém ter saudade de coisas ruins, mas saudade de sorriso pode virar lágrima.
Para algumas pessoas saudade não tem solução. Pra outras, uma mágoa sem fim. Pra mim saudade é um dom, só quem é bom pode sentir.
Saudade tem tanta definição...
É um nó no peito, que custa a desatar. Um soluço sem jeito, que demora pra acabar. Um grito surdo que a dor sufoca. Um apito agudo que na cabeça pipoca. Mas é uma lembrança, semblante de esperança prum reecontro. É querer sem poder, mas crer para sobreviver.
Saudade é tão lindo que, na minha opinião, não poderia deixar as pessoas amargas, porque na sua essência ela é doce.
Se você tem saudade demais, e não te encanta nem mais a melodia dos pássaros, tenta ouvir a melodia da vida. Se um dia ela chora, e no outro sorri, quem sabe o que está por vir?
Saudade pra mim vem acompanhada de eternidade.E com todo respeito Aurélio... Eterno é palavra grande e bela demais pra ter como definição "aquilo que não tem princípio nem fim". Eterno? Aquilo que não sai da memória, tá no gene da sua história e pra esquecer não tem solução... Foi gravado bem fundo no seu coração. E vira saudade eterna.
Saudade pra mim vem acompanhada de alegrias e tristezas. É difícil alguém ter saudade de coisas ruins, mas saudade de sorriso pode virar lágrima.
Para algumas pessoas saudade não tem solução. Pra outras, uma mágoa sem fim. Pra mim saudade é um dom, só quem é bom pode sentir.
Saudade tem tanta definição...
É um nó no peito, que custa a desatar. Um soluço sem jeito, que demora pra acabar. Um grito surdo que a dor sufoca. Um apito agudo que na cabeça pipoca. Mas é uma lembrança, semblante de esperança prum reecontro. É querer sem poder, mas crer para sobreviver.
Saudade é tão lindo que, na minha opinião, não poderia deixar as pessoas amargas, porque na sua essência ela é doce.
Se você tem saudade demais, e não te encanta nem mais a melodia dos pássaros, tenta ouvir a melodia da vida. Se um dia ela chora, e no outro sorri, quem sabe o que está por vir?
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Costurando
Hoje fui buscar umas roupas que mamãe mandou arrumar. Quando cheguei, a costureira não estava: tinha saído para fazer umas compras. Com isso, inferi que ao entrar no apartamento veria um tipo de casa misturada com loja. Enquanto esperava, observei o edifício. Era muito simples e tive dificuldade de saber se era residencial ou comercial, mas antes que eu chegasse a alguma conclusão, vi a costureira subindo as escadas.
Não me surpreendi quando abriu a porta para mim. O apartamento – com algumas prateleiras cheias de sacolas com roupas e linhas de todas as cores possíveis e imagináveis – era tão simples quanto o prédio e a moça. Ela pegou a sacola que tinha o nome de mamãe e tirou, uma por uma, as roupas. Ia conversando consigo, olhando as roupas para lembrar qual serviço fora feito em cada uma delas e anotando em um pedaço de papel os preços. No fim, somou e me deu a conta.
Quando ia embora, perguntei – por quê a senhora não usa um programa de computador para cadastrar seus serviços? Ela sorriu timidamente e respondeu – porque cada minuto que eu estiver no computador, as máquinas de costuras estarão paradas; e eu preciso desse minuto.
Se o mundo não fosse movido a dinheiro, o que cada minuto ia valer? Cada minuto deveria valer um sorriso, não uma lágrima. Um amor, não um ódio. Uma companhia, não uma solidão. Um abraço, um aperto de mão, um colo. Uma boa ação.
Cada minuto deveria valer viver as coisas boas da vida. Ainda tem gente que esquece disso.
Não me surpreendi quando abriu a porta para mim. O apartamento – com algumas prateleiras cheias de sacolas com roupas e linhas de todas as cores possíveis e imagináveis – era tão simples quanto o prédio e a moça. Ela pegou a sacola que tinha o nome de mamãe e tirou, uma por uma, as roupas. Ia conversando consigo, olhando as roupas para lembrar qual serviço fora feito em cada uma delas e anotando em um pedaço de papel os preços. No fim, somou e me deu a conta.
Quando ia embora, perguntei – por quê a senhora não usa um programa de computador para cadastrar seus serviços? Ela sorriu timidamente e respondeu – porque cada minuto que eu estiver no computador, as máquinas de costuras estarão paradas; e eu preciso desse minuto.
Se o mundo não fosse movido a dinheiro, o que cada minuto ia valer? Cada minuto deveria valer um sorriso, não uma lágrima. Um amor, não um ódio. Uma companhia, não uma solidão. Um abraço, um aperto de mão, um colo. Uma boa ação.
Cada minuto deveria valer viver as coisas boas da vida. Ainda tem gente que esquece disso.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Três anos e meio.
Já publiquei antes. Mas adoro esse texto.
Sabe, sei que somos muito diferentes, por isso eu me pergunto como o universo conseguiu juntar nós dois... Refletindo, descobri.
Não sou nenhum pouco paciente e você é até demais. Mas não tem problema, às vezes você me empresta um pouco dela e eu te empresto a minha pressa.
Você é viciado em videogames e eu em livros. Tudo bem, porque enquanto você joga, eu leio e assim cada um tem seu tempo.
Você adora matemática, eu nem tanto. Eu gosto de português, você nem tanto. Assim fica ótimo, porque na padaria você corrige as minhas contas muito tortas rindo delas e eu te perturbo com seus erros "pedrolês".
Você é bem tímido e eu, quase sempre, meio extrovertidamente doida né? Isso é bom porque com você eu aprendi que ser reservado é importante, e você aprendeu que ser doido às vezes não é tão ruim assim.
Eu falo muito e você não tanto quanto eu. É legal porque eu falo muitas besteiras e você ri de todas elas. Você aprendeu que às vezes é necessário falar e eu aprendi que é necessário ouvir, nem que seja um silêncio de pensamentos.
Você não gosta tanto de sair freneticamente como eu, é verdade. Não tem problema porque tanto o corpo, como a mente, precisam desse equilíbrio: ora de agito, ora de descanso.
É claro que nem sempre as diferenças promovem encontros, e sim desencontros. Mas quando eu te procuro, me acho. Quando me acho, te vejo. Não importa se às vezes o caminho entorta, descobri que o universo juntou nós dois porque somos o encaixe perfeito-imperfeito um pro outro. Juntos vencemos o invencível.
Sabe, sei que somos muito diferentes, por isso eu me pergunto como o universo conseguiu juntar nós dois... Refletindo, descobri.
Não sou nenhum pouco paciente e você é até demais. Mas não tem problema, às vezes você me empresta um pouco dela e eu te empresto a minha pressa.
Você é viciado em videogames e eu em livros. Tudo bem, porque enquanto você joga, eu leio e assim cada um tem seu tempo.
Você adora matemática, eu nem tanto. Eu gosto de português, você nem tanto. Assim fica ótimo, porque na padaria você corrige as minhas contas muito tortas rindo delas e eu te perturbo com seus erros "pedrolês".
Você é bem tímido e eu, quase sempre, meio extrovertidamente doida né? Isso é bom porque com você eu aprendi que ser reservado é importante, e você aprendeu que ser doido às vezes não é tão ruim assim.
Eu falo muito e você não tanto quanto eu. É legal porque eu falo muitas besteiras e você ri de todas elas. Você aprendeu que às vezes é necessário falar e eu aprendi que é necessário ouvir, nem que seja um silêncio de pensamentos.
Você não gosta tanto de sair freneticamente como eu, é verdade. Não tem problema porque tanto o corpo, como a mente, precisam desse equilíbrio: ora de agito, ora de descanso.
É claro que nem sempre as diferenças promovem encontros, e sim desencontros. Mas quando eu te procuro, me acho. Quando me acho, te vejo. Não importa se às vezes o caminho entorta, descobri que o universo juntou nós dois porque somos o encaixe perfeito-imperfeito um pro outro. Juntos vencemos o invencível.
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