quinta-feira, 26 de abril de 2012

Já falei sobre lágrimas?

Na minha condição de pequeno ser humano dentro deste imenso universo no qual vivemos, não tenho capacidade - nem acho que algum dia terei - de entender certas coisas que a vida faz acontecer. É certo que viver já pressupõe uma série de acontecimentos que enfrentamos. Ninguém discorda de que viver é uma luta. Uma luta pela sobrevivência.

A dor é um sentimento pelo qual o ser humano passa e sobrevive. Alguns sofrem mais que outros, enfraquecem e desistem da luta da vida. Esse texto não é sobre a dor de um tombo que fica roxo na pele, ou um corte que arde e sangra, nem muito menos sobre a dor de terminar um namoro. Essas são tão banais diante de outras. É daquela dor que toda a lágrima do mundo parece pouca, porque é infinita e o tempo não cura, só disfarça.

Eu não sei dizer, só sei ser solidária. Na verdade, a dor de uma perda se transfigura no indescritível. Do mesmo jeito que é superar. Eu, Letícia, sinceramente não sei se é possível passar por isso sem crer. Não sou uma pessoa fervorosamente religiosa, mas crer n'alguma coisa, alguma explicação qualquer, para tamanho infortúnio parece essencial para sobreviver. Eu conheço um pai que teve a filha assassinada. Conheço uma mãe que perdeu um filho tão cedo que nem achava que isso fosse possível. Conheço pais que lutaram bravamente contra a doença de um filho e perderam. Conheço alguém que perdeu um pai e uma avó no mesmo ano. Eu conheço tantas pessoas e sequer imagino como pode ser um ínfimo da dor delas.

Sobreviver é a palavra certa porque esse é o tipo de sofrimento com o qual se luta todo santo dia. Eu nem conheço, mas vejo. Não só vejo como observo. Faço o que penso ser minha parte: eu rezo. Eu rezo porque não me resta outra saída senão acreditar que existe algo tão superior e bondoso que conforte os sofrimentos de alguma maneira. E não acreditar nisso faz a vida perder um pouco de sentido. Não posso trazê-los de volta, muito menos esperar que substituam-se os insubstituíveis. A memória e a saudade são duas coisas que impregnam a alma, se fosse só o cérebro talvez tivesse saída.

E se tem uma coisa que marca o meu dia são as lágrimas. Quando eu vejo o sofrimento de alguém que amo, sinto uma vontade sobrenatural de pegar o sofrimento pra mim e deixá-los livre disso. Nessa horas eu queria mesmo é ter superpoderes. Ter fé me ajuda, assim sigo orando.

Que a força do bem, que os caminhos de luz e a graça da vida estejam presente em nossos guerreiros sofredores. Guerreiros porque lutam com a força de um e não desistem da guerra, encaram-na de frente. Obstinação, bravura e coragem são características dos verdadeiros vitoriosos da vida.