segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Saudade, de novo

Não sei quem disse que saudade é um sentimento que quando não cabe no peito, escorre pelos olhos. Eu não canso de falar de saudade... É um sentimento que me encanta, me fascina.

Saudade pra mim vem acompanhada de eternidade.E com todo respeito Aurélio... Eterno é palavra grande e bela demais pra ter como definição "aquilo que não tem princípio nem fim". Eterno? Aquilo que não sai da memória, tá no gene da sua história e pra esquecer não tem solução... Foi gravado bem fundo no seu coração. E vira saudade eterna.

Saudade pra mim vem acompanhada de alegrias e tristezas. É difícil alguém ter saudade de coisas ruins, mas saudade de sorriso pode virar lágrima.

Para algumas pessoas saudade não tem solução. Pra outras, uma mágoa sem fim. Pra mim saudade é um dom, só quem é bom pode sentir.

Saudade tem tanta definição...
É um nó no peito, que custa a desatar. Um soluço sem jeito, que demora pra acabar. Um grito surdo que a dor sufoca. Um apito agudo que na cabeça pipoca. Mas é uma lembrança, semblante de esperança prum reecontro. É querer sem poder, mas crer para sobreviver.

Saudade é tão lindo que, na minha opinião, não poderia deixar as pessoas amargas, porque na sua essência ela é doce.

Se você tem saudade demais, e não te encanta nem mais a melodia dos pássaros, tenta ouvir a melodia da vida. Se um dia ela chora, e no outro sorri, quem sabe o que está por vir?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Costurando

Hoje fui buscar umas roupas que mamãe mandou arrumar. Quando cheguei, a costureira não estava: tinha saído para fazer umas compras. Com isso, inferi que ao entrar no apartamento veria um tipo de casa misturada com loja. Enquanto esperava, observei o edifício. Era muito simples e tive dificuldade de saber se era residencial ou comercial, mas antes que eu chegasse a alguma conclusão, vi a costureira subindo as escadas.

Não me surpreendi quando abriu a porta para mim. O apartamento – com algumas prateleiras cheias de sacolas com roupas e linhas de todas as cores possíveis e imagináveis – era tão simples quanto o prédio e a moça. Ela pegou a sacola que tinha o nome de mamãe e tirou, uma por uma, as roupas. Ia conversando consigo, olhando as roupas para lembrar qual serviço fora feito em cada uma delas e anotando em um pedaço de papel os preços. No fim, somou e me deu a conta.

Quando ia embora, perguntei – por quê a senhora não usa um programa de computador para cadastrar seus serviços? Ela sorriu timidamente e respondeu – porque cada minuto que eu estiver no computador, as máquinas de costuras estarão paradas; e eu preciso desse minuto.

Se o mundo não fosse movido a dinheiro, o que cada minuto ia valer? Cada minuto deveria valer um sorriso, não uma lágrima. Um amor, não um ódio. Uma companhia, não uma solidão. Um abraço, um aperto de mão, um colo. Uma boa ação.

Cada minuto deveria valer viver as coisas boas da vida. Ainda tem gente que esquece disso.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Três anos e meio.

Já publiquei antes. Mas adoro esse texto.



Sabe, sei que somos muito diferentes, por isso eu me pergunto como o universo conseguiu juntar nós dois... Refletindo, descobri.
Não sou nenhum pouco paciente e você é até demais. Mas não tem problema, às vezes você me empresta um pouco dela e eu te empresto a minha pressa.
Você é viciado em videogames e eu em livros. Tudo bem, porque enquanto você joga, eu leio e assim cada um tem seu tempo.
Você adora matemática, eu nem tanto. Eu gosto de português, você nem tanto. Assim fica ótimo, porque na padaria você corrige as minhas contas muito tortas rindo delas e eu te perturbo com seus erros "pedrolês".
Você é bem tímido e eu, quase sempre, meio extrovertidamente doida né? Isso é bom porque com você eu aprendi que ser reservado é importante, e você aprendeu que ser doido às vezes não é tão ruim assim.
Eu falo muito e você não tanto quanto eu. É legal porque eu falo muitas besteiras e você ri de todas elas. Você aprendeu que às vezes é necessário falar e eu aprendi que é necessário ouvir, nem que seja um silêncio de pensamentos.
Você não gosta tanto de sair freneticamente como eu, é verdade. Não tem problema porque tanto o corpo, como a mente, precisam desse equilíbrio: ora de agito, ora de descanso.
É claro que nem sempre as diferenças promovem encontros, e sim desencontros. Mas quando eu te procuro, me acho. Quando me acho, te vejo. Não importa se às vezes o caminho entorta, descobri que o universo juntou nós dois porque somos o encaixe perfeito-imperfeito um pro outro. Juntos vencemos o invencível.

sábado, 17 de novembro de 2012

Abaixo à hipocrisia

Hoje não venho vos falar por um bom motivo. Vim desabafar porque estou furiosa. Em fúria.

Só tem uma coisa que odeio mais que incompetência, hipocrisia.


Eu não posso dizer muito sobre isso, porque tenho meu lado hipócrita. É uma lembrança que ainda não consegui superar. É muito difícil perdoar pessoas que

magoam quem amamos. É mais do que difícil, é quase impossível eu diria. Por amor, o ser humano comete as maiores loucuras afinal. Admito que

não sou uma pessoa completamente santa, tenho falhas, e como tenho! Sou católica, mas primeiro sou humana.

Só que... existem alguns tipos de hipocrisia que são inimagináveis. Daqueles que não atravessam a sua garganta. Você tem alguém em sua vida, uma pessoa que

considera um irmão. Seu irmão lhe trai. Tira o seu chão, taco a taco, recusa-se a olhar na tua cara, e faz com que os filhos deles façam o mesmo. E você, em

seu sofrimento amargoso fica doente e quase morre. Mas, ele lhe pede perdão um dia. E você perdoa! Que feito! Eu mesma não teria conseguido. No dia seguinte,

você - crsitão fervoroso, que não desgruda da televisão que passa seus programas religiosos nem por um segundo sequer - deixa de ser cumprimentado por uma

pessoa, mergulha no seu mais profundo sentimento de orgulho e recusa-se a falar com ela. Você é um hipócrita.

Você reza todos os dias, ajoelha-se no seu altar, ergue as mãos para o céu e ouve o padre da missa falar sobre amor ao próximo e que deve dar a outra

face, mas crê que um homossexual não pode ter os mesmos direitos que um ser humano qualquer. Ou, ainda pior, não possui um pingo de humildade para admitir

que está errado. Ou que não consegue, nem sei se ao menos tenta, perdoar. Você é um hipócrita.

Eu não vou todos os domingos à missa. Nem prego religião aos quatro cantos do mundo. Mas, eu tento todos os dias ser um pouco melhor do que o dia anterior.

Às vezes conquisto progresso, outras, regresso. A minha visão de mundo, a minha fé e a minha religião se baseiam no BEM. O bem que eu posso fazer hoje, o bem

que eu posso fazer amanhã, o bem que eu posso fazer pro meu próximo e pro nosso mundo.

Crença é uma filosofia de vida que não permite contradições. Se você odeia mentiras e mente, além de hipócrita você é um nada, porque a fé move o ser humano.

A fé na vida, a fé em si e nos outros, a fé no amor. Eu creio em um mundo civilizado onde as pessoas possam se tratar com respeito apesar das suas

diferenças. E respeito não quer dizer o mesmo que admiração, não em todas as suas ocorrências.

Minha hipocrisia é a minha ira incontrolável. Eu prego o bem, mas posso machucar muitas pessoas sem intenção.

É que às vezes é dificílimo ficar calada.

domingo, 9 de setembro de 2012

Ah... A fama.

Eu me lembro bem de quando, ainda pequena, fazia entrevistas comigo mesma no chuveiro, fingindo que era uma atriz estrangeira famosa. Inventava palavras falando um inglês inexistente e a minha mão era o microfone de vários repóteres imaginários. A fama era um sonho meu à época.

Um dia, navegando pela internet, vi uma foto da atriz Emma Watson, cuja personagem em Harry Potter é Hermione Granger, que me chocou. Terminados todos os filmes da série, ela cortou suas longas madeixas tão, mais tão curto quanto o cabelo de um menino. O preço para se livrar, ilusoriamente, de uma personagem.

No outro, eu estava na fila pra pagar o pão quando vi na televisão de anúncios uma foto da atriz Carolina Ferraz com a seguinte legenda: a fama é uma droga, é destrutiva, não existe nada que venha dela que seja positivo. Isso também me chocou. Eu pensei que nunca tinha visto alguém falar abertamente sobre o lado incômodo da fama.

Na sexta-feira passada eu fui à um encontro de ex-alunos do meu colégio, de várias épocas. Surpreendentemente, Zélia Duncan é uma. Nesse dia quem ficou incomodada fui eu. Ela não pôde fazer uma visita normal, é óbvio. Foi constantemente assediada, sem que pudesse, nem por um minuto sequer, refletir sobre sua nostalgia.

O pior é pensar que muitos deles, os famosos, são julgados mal-humorados ou mal-educados porque são socialmente obrigados a ser simpáticos o tempo todo. Imagina você ter que fazer as compras do supermercado e não conseguir porque as pessoas querem autógrafos e fotos? É uma balança muito difícil de ser equilibrada.

Talvez a fama seja como os raios de sol na superfície de um mar ou lago. O reflexo é belíssimo pra quem vê, mas os raios se enfraquecem debaixo d'água. E quanto mais fundo, mais escuro fica. Ou como uma máscara, que por mais linda que seja, com o tempo pesa no rosto.

É fácil perceber que, no meio artístico, ser reconhecido pelo seu trabalho é intimamente ser atrelado à fama. Todo mundo ouve falar que a fama tem um preço, mas desconhece-o até ter que pagá-lo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma carta apaixonada

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que eu te vi. Você fazia uma careta por causa da luz forte no seu olho, e mesmo assim te achei a criatura mais fascinante que meus olhos já pudessem ter visto. Foi amor à primeira vista. Me apaixonei tão perdidamente que meu corpo, meu coração e minha mente já não pareciam mais meus.

Eu me lembro da primeira vez que você me beijou. Um beijo tão singelo, tão puro, que acelerou as minhas batidas e borboletou a minha barriga. Era a felicidade que me dominava. Nunca na vida achei que pudesse conhecer um amor assim, que a gente sente tender ao infinito.

Eu lembro de cada toque, de cada sorriso, de cada olhar, de cada abraço seu. O mundo parecia deixar de existir à minha volta quando eu te tinha nos meus braços, adormecido. O seu amor me tornou uma pessoa melhor e exigiu de mim paciência, sabedoria e serenidade.

Filho, eu sinto tanto a sua falta. Os anos se passaram, mas o tempo ficou parado pra mim. A saudade é a mesma e a sua lembrança é presente. No passado eu tentei deixar a dor e a tristeza, mas tem dias que elas me acompanham. Meu anjinho, eu te amarei eternamente.

Um beijo, papai.




Nunca tive filhos. E nem sei o porquê, mas sempre penso nos pais que perderam os seus. Não sinto a dor deles, mas sinto tristeza ao pensar que o ser humano pode conhecer essa dor. Ter Deus no coração é essencial para sobreviver à vida terrena.

domingo, 12 de agosto de 2012

Minha borboleta e eu


Não sei por que motivo comecei a divagar sobre minha tatuagem hoje. Nunca escrevi um texto sobre minha borboleta azul. Muitos não entendem o por quê de uma tatuagem, mas a verdade é que só uma pessoa precisa dessa explicação: a gente mesmo.

Sempre fui apaixonada por tatuagens, das mais simples, confesso. Não julgo quem tatua partes inteiras, mas o que mais me encantava mesmo eram as pequenas, ou as que continham algum significado. Papai tem um cavalo alado que eu adoro tatuado nas costas. Mamãe fez a dela, um beija-flor, depois que eu nasci. Fiquei encantada com as cores do pequeno voador. Desde que me entendi por gente afirmava que um dia teria uma. Chegado os meus quinze anos, eu insisti tanto, mas tanto, que meus pais acabaram vencidos pelo cansaço. Mas não sem antes muito diálogo do tipo: é pra vida toda, cuidado, faça bem a sua escolha.

Eu sempre dizia que ia tatuar um golfinho, porque os achava lindos. Com a certeza de que poderia fazer uma tatuagem em mãos, decidi repensar a minha escolha. Um dia, sentada em frente a uma biblioteca vi uma borboleta voando. Num piscar de olhos ela sumiu. E em outro, reapareceu. Lembrei de muitas pessoas falando sobre como eu mudava rápido de assunto em uma conversa. Até eu mesma já pensava isso de mim: um turbilhão de pensamentos numa fração de segundo. Como o voo da borboleta. Inquieto e agitado, como meus pensamentos e eu mesma.

Num outro dia, estava passeando numa trilha em um clube e me deparei com uma borboleta de asas marrons pousada numa pedra. E eu pensei: nossa, que borboleta feia. Qual não foi a minha surpresa quando ela alçou voo, ao abrir as asas revelou um azul escuro belíssimo, como eu jamais tinha visto. Eu pensei que também era assim. Tem dias que eu me sinto horrível, mas em outros me sinto bonita. E pensei que é o interior que vale, não a aparência.

Por fim, vi uma cena em que uma personagem dizia que a borboleta é o símbolo da superação. Ela tem que passar por muitas fases até chegar a ser o que é. Eu tive que passar por muitas fases atė chegar a ser o que sou. E todos os dias tenho que aprender mais a me aceitar, a me superar.

Minha borboleta é parte de mim e tem asas como a tatuagem dos meus pais, que certamente são os maiores responsáveis pela minha superação de todo dia. Asas que foram me dadas para alçar voos inacreditáveis.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Amargurado

Um velho bêbado, de barbas brancas e chapéu cobrindo os olhos, roncava na calçada em frente à loja. Suas galochas pretas estavam furadas e tinha consigo uma garrafa vazia. Na cidade pequena todos sabiam quem ele era, mas nunca abria a boca para dizer nada a não ser: uma garrafa de vodca, por favor. Todas as noites repetia as mesmas palavras e a mesma rotina.

Certo dia, ao invés de dormir em frente à loja como sempre fazia, dormiu num banco em frente ao píer. O cheiro do mar lhe era agradável, nessa noite nem bebeu a garrafa toda. No primeiro raiar do sol os filhos dos pescadores já brincavam na orla. Acertaram-no em cheio com uma bola. O velho acordou grunhindo de raiva e cravou as unhas afiadas na bola, estourando-a. Todos os meninos correram assustados, menos Theo. Observou atentamente cada ato daquele senhor, e disse:

T - Desculpe senhor Marujo, foi sem querer.

O velho não esboçou reação alguma. Theo se aproximou.

T - Ouvi painho dizer que amargura mata. Era de ti que ele falava.

Theo saiu correndo. Uma lágrima escorreu dos olhos azuis pela pele envelhecida até chegar ao bigode branco. Senhor Marujo sussurrou:

M - Eu já morri.

Menino Theo cresceu e nunca se esqueceu daquele dia. Descobriu que o velho marujo engarrafou a alegria dentro do vidro porque a mulher o abadonou, só queria saber de viajar. Era vaidosa demais, muito egoísta, e apesar de dizer que o amava, amava mais a si mesma. Ela dizia que sentia saudade, que era ruim demais ficar longe dele, mas se divertia muito sozinha. Não foi capaz de provar o seu amor. Ele deixou de acreditar, porque ninguém tem como saber que é amado se não recebe prova disso. O filho cometeu suicídio. A mãe morreu num acidente. E o pai? Nunca conheceu. No entanto, não foi nada dessas descobertas que marcou aquele dia.

Naquele mesmo dia que perdeu a bola, quando voltava pra casa já a noite, encontraram o velho morto. Foi enterrado como indigente. Em casa, Theo encontrou um embrulho no formato de uma bola no pé da escada. O cartão no laço dizia:

Amargura não mata não. O que mata é falta de amor.

E na parede da sua casa picharam:

Nenhum homem vive sem amor.

domingo, 15 de julho de 2012

De madrugada...

Não tem ninguém que conheça você como a madrugada. Nem você mesmo. De madrugada, do lado de fora nada se vê, mas do lado de dentro tudo acontece.

É a madrugada que vigia seu sono e espia seus sonhos. Dentro dela você se revela. Se está acordado, ela escuta os seus pensamentos e descobre todos os seus sentimentos. Se você chora, ela te abraça e com a escuridão profunda você acaba caindo no sono em meio a tantos soluços no breu. Se você sorri, ela te alimenta com um tempo de vento. E sem perceber, ela amanhece sem deixar de observar os mínimos traços seus.

A madrugada tão bela e calada... Embala as piores tristezas e as maiores alegrias. A espera pela certeza e as noites de agonia. Os tempos de fraqueza e os tempos de calmaria.

As lágrimas mais amargas - cujo peso torna qualquer travesseiro desconfortável - e os sorrisos mais sinceros - cujo semblante torna o sono mais afável.

Ah... Se as madrugadas fossem gente!

domingo, 8 de julho de 2012

Personagens inesperados

A madrugada chegou
A campanhia tocou

Me levantei e abri
Vi a saudade sorrir

Posso entrar? - perguntou
O silêncio imperou...
Respondi: não senhora
Fique bem aí de fora
Que tu pra mim não quero
Não é o que eu espero

A tristeza e a dor
Bateram com fervor
Vão embora! - eu gritei -
Passou da hora de vocês
Bem-vindos aqui não são
Procurem outro portão

O sorriso veio também
Junto com a alegria
Não deixei entrar ninguém
Nenhum deles eu queria

Felicidade é bom e dura pouco
Já diziam uns e outros

Aí... Aí...
Chegou o amor
Me fascinou
Me encantou

Deixei ele entrar
Sem nem desconfiar
Que todos os outros
Também entrariam

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Recife

Desde pequena que tenho paixão, amor e loucura por Recife. Esperava ansiosamente pelas minhas férias porque ela significava vir pra cá. Recife era meu símbolo de diversão: brincar com os amigos debaixo do prédio, fazer piscininhas na praia, beber água de coco, comer tapioca, rever a família, e por aí vai. Não importava quanto tempo ficávamos, uma semana ou um mês, sempre me entristecia a hora de dizer tchau.

O tempo passou e nada mudou. Ainda hoje eu sonho com minhas férias no Recife. Até que um dia eu comecei a perceber como as pessoas questionavam esse amor idolatrado. Algumas pessoas viviam me perguntando - por quê?. Eu dizia que só o cheiro do Recife já entrava na minha alma e me fazia feliz. Dizia que sair do aeroporto e ver o prédio, que guardou lembranças tão felizes da minha infância, enchia meu peito de felicidade. Mesmo assim ninguém nunca entendeu.

Ninguém nunca entendeu porque na verdade eu não sabia dizer a resposta certa. Depois de um tempo que passei a refletir sobre isso, encontrei outras razões igualmente verdadeiras. Recife pra mim sempre foi um refúgio. Era o tempo que eu não precisava me preocupar com nada, nem provas, nem acordar cedo, nem um monte de coisas. Fazer coisas diferentes da nossa rotina sempre tornam as coisas mais leves, agradáveis e consequentemente felizes.

Aqui eu sempre fui muito amada. Não que nos outros lugares eu não seja, mas é que saudade dá um sabor especial para o amor. E onde tem amor, tem alegria. E todo mundo me recebe com um sorriso sem igual.

Quando a gente é criança, não entende muito bem muitas coisas. Mas hoje eu sei que minha paixão louca e alucinada por Recife tem por nome o casal mais famoso da Bíblia. José e Maria. São eles a razão da minha imensa alegria.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Uma certeza

As pessoas vivem me falando que eu vivo em uma bolha cor de rosa que se chama inocência. Sei muito bem que não vi quase nada da vida, mas isso não quer dizer que a vida não tenha me visto quase nada. É fácil julgar. Difícil mesmo é tentar compreender o seu próximo e ouvir o que ele diz independentemente de quem seja.

Eu sei, por exemplo, que tristeza é uma coisa que parece não ter fim e gruda como carrapato. Mas sei também que passa, por mais que isso pareça uma farsa. Sei que ela chega e nos torna vítima como uma presa abocanhada por uma serpente ágil. E que se livrar não é nada fácil. Só que não é impossível, não é mesmo?

Sei que ilusão às vezes é tão doce que fica irresistível não provar. Você prova tantas vezes achando uma delícia ter aquela esperança vã, que nem percebe como ela entra devagarzinho e envenena toda a sua alma. Resistir a tentação de provar a ilusão parece quase tão difícil quanto enfrentar a realidade. Mas todo mundo sabe que não tem outra saída melhor que a verdade.

Eu sei de poucas coisas. As coisas que sei na teoria ainda não consigo colocá-las em prática. Mas eu sei de uma coisa que a vida me ensinou. Nada vale a pena se for às custas da sua tristeza. Um ser humano não consegue viver se não for feliz.

É por isso que me recuso a não acreditar no amor. Digam o que quiserem, mas um ser humano precisa de amor pra viver. Porque amor é o que traz felicidade pro nosso coração. Eu sou feliz quando ganho um cafuné da minha avó, quando posso ensinar o meu avô, sair com minha família, quando vejo o sorriso de um amigo ou quando ganho um beijo. Ser feliz é amar e ser amado.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Dúvidas

Cada passo
Da ladeira
Que eu faço
Da canseira?
Sou de aço?
De madeira?

Me desmancho
Como água
Nesse pranto
Tanta mágoa

Um carinho
uma atenção
Queridinho
Né muito não

Tô carente
De um amor
Paciente
Acolhedor

Tudo eu quero
Nada espero
Minha certeza
Virou franqueza

Ver de verdade
Realidade
Que fantasia
Como o dia

Tem fim.

sábado, 19 de maio de 2012

Sobre ser deficiente


Tenho uma coleção de audiometrias. Isso é parte de mim. Tem uma audiometria datada de 91, foi quando meus pais descobriram minha deficiência auditiva: aos dois aninhos.

Tenho poucas lembranças desse período, mas lembro que minha rotina de exames era exaustiva. Fui muitas vezes ao CEAL e a São Paulo, e o número de "audios" parecia interminável pra mim. Papai e mamãe sempre batalharam muito por mim, enfrentaram todos os meus problemas comigo: as inúmeras otites, o atraso da fala, várias cirurgias, sem falar nas idas a hospitais. Nunca saíram do meu lado. Para aprender a falar tive que enfrentar uma maratona de aulas. Natação, para aprender a adequar a respiração com a fala. Dança, para entrar em contato com o ritmo das palavras. Fonoaudióloga.... Longos e cansativos anos de fonoaudiologia para trabalhar a minha fala. A receita do sucesso do tratamento foi o trabalho insistente e a dedicação de todos que me amavam e que me ajudaram a vencer barreiras.

Olhando assim parece que minha infância foi conturbada. Eu tive alguns problemas sim. Quando entrei no maternal tinha vergonha de prender meu cabelo por causa do aparelho auditivo. E também não gostava quando as crianças me perguntavam o que era aquilo na minha orelha. Mas a verdade é que eu tive uma infância normal graças aos meus pais e familiares. Mamãe sempre teve uma paciência infinita com minhas fragilidades em relação à deficiência. E aos poucos fui aprendendo quem eu era, porque eu era, e como poderia ser.

Hoje em dia eu falo o tempo todo que não saberia viver sem ter a minha deficiência. Claro que ainda acho ruim algumas coisas. É chato não poder entender direito as pessoas na mesa do bar, ou sempre perder as piadinhas espontâneas. Não gosto de perder as falas do filme, da novela ou do jornal porque algum barulho me atrapalhou. Tenho dificuldades enormes de lidar com dois sons ao mesmo tempo, me atrapalha muito a entender o que alguém tá falando. Mas pra isso existem pessoas que me apoiam. Elas me explicam o que eu não entendi, a fala que eu não ouvi e as piadinhas que eu perdi. Ainda bem né. O Renato, meu irmão, ele repete um milhão de vezes a mesma coisa se precisar pra eu entender. Ele tem paciência, é bem bonitinho.

Ao mesmo tempo, aprendi a ver os proveitos também. Acho o mundo muito barulhento e posso escutá-lo da forma que quero: aumento ou diminuo o som do meu aparelho e até desligo às vezes. Isso pra mim é quase um superpoder (risos). Tiro o aparelho pra dormir e por isso durmo melhor que a maioria das pessoas. Não ouço muriçocas, som alto, aviões, nem ronco ou gente falando a noite... Não escuto nada, tem que ser muito alto pra me acordar. E como também não escuto despertador tenho o melhor despertador do mundo: minha família. Sempre quem me acorda é o papai, às vezes a mamãe, e muito de vez em quando o Renato. Eles me acordam fazendo carinho no meu pé, e vem com soneca (função que têm os despertadores)! Se percebem que não levantei, vão lá e me chamam de novo (hehehe).

Aprendi a ser e aceitar quem sou, com defeitos e qualidades. Falo tranquilamente sobre isso agora. Me considero vitoriosa e considero meus pais vitoriosos. O caminho não foi fácil, teve muita labuta. Hoje, colhemos os frutos. Sou muito agradecida porque papai e mamãe me deram tudo que eu precisava para levar uma vida mais perto do normal o possível e batalharam muito por isso. Deus foi muito bom comigo.

Pai, Mãe: amo vocês.
Rê, vc tb tá? (:

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Já falei sobre lágrimas?

Na minha condição de pequeno ser humano dentro deste imenso universo no qual vivemos, não tenho capacidade - nem acho que algum dia terei - de entender certas coisas que a vida faz acontecer. É certo que viver já pressupõe uma série de acontecimentos que enfrentamos. Ninguém discorda de que viver é uma luta. Uma luta pela sobrevivência.

A dor é um sentimento pelo qual o ser humano passa e sobrevive. Alguns sofrem mais que outros, enfraquecem e desistem da luta da vida. Esse texto não é sobre a dor de um tombo que fica roxo na pele, ou um corte que arde e sangra, nem muito menos sobre a dor de terminar um namoro. Essas são tão banais diante de outras. É daquela dor que toda a lágrima do mundo parece pouca, porque é infinita e o tempo não cura, só disfarça.

Eu não sei dizer, só sei ser solidária. Na verdade, a dor de uma perda se transfigura no indescritível. Do mesmo jeito que é superar. Eu, Letícia, sinceramente não sei se é possível passar por isso sem crer. Não sou uma pessoa fervorosamente religiosa, mas crer n'alguma coisa, alguma explicação qualquer, para tamanho infortúnio parece essencial para sobreviver. Eu conheço um pai que teve a filha assassinada. Conheço uma mãe que perdeu um filho tão cedo que nem achava que isso fosse possível. Conheço pais que lutaram bravamente contra a doença de um filho e perderam. Conheço alguém que perdeu um pai e uma avó no mesmo ano. Eu conheço tantas pessoas e sequer imagino como pode ser um ínfimo da dor delas.

Sobreviver é a palavra certa porque esse é o tipo de sofrimento com o qual se luta todo santo dia. Eu nem conheço, mas vejo. Não só vejo como observo. Faço o que penso ser minha parte: eu rezo. Eu rezo porque não me resta outra saída senão acreditar que existe algo tão superior e bondoso que conforte os sofrimentos de alguma maneira. E não acreditar nisso faz a vida perder um pouco de sentido. Não posso trazê-los de volta, muito menos esperar que substituam-se os insubstituíveis. A memória e a saudade são duas coisas que impregnam a alma, se fosse só o cérebro talvez tivesse saída.

E se tem uma coisa que marca o meu dia são as lágrimas. Quando eu vejo o sofrimento de alguém que amo, sinto uma vontade sobrenatural de pegar o sofrimento pra mim e deixá-los livre disso. Nessa horas eu queria mesmo é ter superpoderes. Ter fé me ajuda, assim sigo orando.

Que a força do bem, que os caminhos de luz e a graça da vida estejam presente em nossos guerreiros sofredores. Guerreiros porque lutam com a força de um e não desistem da guerra, encaram-na de frente. Obstinação, bravura e coragem são características dos verdadeiros vitoriosos da vida.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Dançando na chuva

Eram dois jovens se amando debaixo da copa de uma belíssima árvore. A grama, verde como o horizonte de um mar, confortava-os como se ali fosse um lar. Eles se olhavam apaixonadamente e trocavam juras de amar eternamente. Um jovem quando ama vive tudo intensamente, dando um ar de imutabilidade ao que se sente. Certo dia, ele a presentou com uma rosa vermelha e um pedido de namoro. Quanta alegria! Era o início de uma história promissora. Tudo que tem amor é promissor... Né?

Alguns meses se passaram e a felicidade prometida foi ficando cada vez mais escondida. Eram tantas as diferenças, sem contar nas desavenças. Sem rumo, sem conversa, uma coisa era certa: o fim. Foi ele que desistiu, na mesma grama que os assistiu. Ele não disse adeus. Nem ao menos respondeu as perguntas desesperadas de uma menina apaixonada. Em silêncio permaneceu, em silêncio aquiesceu. Ela disse adeus. Ele puxou-a pelo braço e envolveu-a num abraço sem fim. E pôs se a chorar. Não tente entender. Não tem explicação. O coração e a razão são tão mirabolantes que têm o dom de serem inexplicáveis.

Muito tempo depois que ele se foi, voltou. Dessa vez a presentou com uma rosa de vidro verde. Se disse arrependido e teve seu pedido atendido. Como é doce o coração de uma mulher. Ela deu-lhe uma chance que não foi o bastante para fazê-lo feliz. Cantou:

A "rosa" que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou

Ela disse adeus de novo, para nunca mais.

A moral da história é que é muito importante refletir sobre a hora de desistir. Certas decisões marcam uma vida inteira e por mais que você queira, não pode voltar atrás. Se arrepender e errar faz parte da vida, por isso, é fundamental ter consciência dos nossos próprios atos. Lembrança é uma coisa que pode adoecer a alma, se você não fizer as suas escolhas com muita calma.

Um vidro que se quebra e cola fica todo marcado, cheio de cicatriz. Toda história tem dois lados: o feliz e o infeliz.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia bonito

O dia amanhece
A tarde enternece
A noite escurece
A cidade adormece
E quem conhece,
se esquece
Do desfruto das belezas,
que a alma enriquece

O canto do vento
O brilho das águas
São tantos relentos
Que acalmam as mágoas

A mãe natureza
E a sua grandeza
Reflete a pureza
Das suas riquezas

Perdeu, me parece
Quem não reconhece
A beleza serena
Das coisas 'pequenas'
Que traz a paz
Que o mundo jaz

Setembro/2009

quarta-feira, 14 de março de 2012

O choro

De que lhe adianta ficar sentada aí na rua
Se as nuvens negras da noite cobrem a tua lua?

Olha, já te vi chover de um tanto
Que as gotas de tão amargas, ficam salgadas
E perdi a conta de quantos
Discursos ouvi a vitrola tocando "só queria ser amada"

Já chega, levanta da minha janela
E procura para ti outra nova ruela
Porque se tu não cansas de repetir
Eu, sim, já me cansei de te ouvir

Eu sei meu bem
Te cansou o desmantelo
Não me esqueço também
Do querer mais zelo

Pobre do coitado
De quem exiges tanto cuidado

Não me tenha como mau
Já passei por quase igual
É desgostoso não se ter
Na medida do que se quer
É difícil se conter
Muito esforço isso requer

Mas nem sempre nosso nobre espectador
Consegue enxergar o tamanho da tua dor

A história repetida da tua vida
Me deixa comovida
Mas fatigada
Por favor, procure outra calçada

Porque se tu nunca parares de chover
Não verás as estrelas que brilham para você

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Atitudes

Você tem um sonho? Tá esperando o quê pra correr atrás dele? Dormir em excesso é perda de um tempo valiosíssimo, se você quer saber. Ah pessoal, convenhamos: o ócio e a preguiça podem ser desfrutados saborosamente apenas por um curto espaço de tempo, porque a verdade é que eles não agregam valores. Se você não faz nada, como é que espera conquistar alguma coisa?

Até a natureza tem um norte. Sim, vocês conhecem a bússola? Sabia que ela foi essencial para a era dos descobrimentos, das grandes navegações? Já imaginou o mundo de hoje se ócio fosse divino e adorado? Estabeleçam nortes, pois pessoas perdidas nunca chegam a lugar nenhum. Não importa se é um norte pro dia, pra semana, pro mês, pro ano ou pra vida. O que importa é ter unzinho pelo menos. Não desista de um norte porque ele parece difícil. Conheço pessoas que ficaram cegas depois de adultas e surdas ainda crianças... E elas não deixaram de viver.

Buscar um sentido pra sua vida é o mesmo que existir, que viver. Quando a gente é jovem, está mais preocupado em dormir, fato. Mas, veja bem. Uma coisa é você tomar as suas decisões e usufruir delas você mesmo. Outra coisa completamente diferente é você reclamar várias vezes sobre a mesma coisa e continuar com os braços cruzados! Isso não é óbvio? Com muita frequência escuto que existem casos em que agir ou deixar de agir não faz a menor diferença. Ora querido leitor... Faça a tua parte, porque da tua consciência tu mesmo cuidas. E a dos outros, que tens tu com isso? Aqui diz a pessoa que já pegou um lixo do chão para jogá-lo no cesto bem na frente da outra que teve coragem de fazê-lo.

A verdadeira razão de existir é a base das nossas convicções. Se você acredita em alguma coisa, seja coerente e aja em conformidade com as suas crenças. Ter um norte é mostrar ao mundo quem somos, em que acreditamos, pra quê viemos e aonde iremos chegar.

E se você passa a maior parte do seu tempo dormindo... Qual caminho você está trilhando?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Poupanças

Curioso? Espera aí, deixa eu falar. Eu estava fazendo um caça-palavras hoje e, sem ler o rol de palavras que precisavam ser encontradas, a primeira que eu achei foi poupança. Quem me conhece sabe que eu sempre digo que precisamos poupar o que ganhamos, para assim podermos investir e, talvez, ganhar mais. Andei pensando e... Depende do ponto de vista. Lembra daquela história de que pra tudo na vida existe um equilíbrio? Pois é.

Assim como a labuta faz parte da vida do ser humano, poupar é necessário quando falamos de recursos financeiros. Poupar demais pode ser exagero, poupar de menos pode ser desmantelo. Claro, se você passa a vida inteira poupando e nunca usufruindo, poupar vira desperdício. É comum pouparmos porque temos sonhos. É possível realizá-los mediante bom planejamento coerente com nossos orçamentos, caso contrário, passaremos muito tempo poupando recursos e felicidade. É como quando você freia tão forte que as rodas do carro travam, poupar em excesso pode travar a sua vida também.

Poupar de menos, por outro lado, também pode causar só prejuízo. Obviamente que se você não possui um planejamento minimamente organizado, não conseguirá atingir as suas metas. Um professor me disse que pra chegarmos até elas precisamos saber o que queremos e qual caminho seguir. Protelar os seus compromissos é a maneira mais fácil de poupar menos. Mas, existe um momento em que não podemos poupar. Uma verdade poupada é a mesma coisa que uma mentira contada, ainda que por omissão. A verdade não pode ser poupada porque é com ela que podemos fazer um mundo melhor. Entenda que falo das verdades relevantes, para se construir relacionamentos, por exemplo.

E por falar neles... Tem gente que poupa amor, sabia? Tem coisa mais absurda que poupar amor? Por medo? Ora... Alguns poupam por escolha, outros poupam sem saber. O fato é que para viver um sentimento como esse não deveria importar o medo da ferida, porque elas cicatrizam SE aparecerem. Contudo, o tempo perdido que poderia ter sido aproveitado muito melhor, esse não volta.

Na minha opinião, quando formos checar o extrato da vida o saldo de sonhos realizados não pode ser demasiadamente inferior ao que foi poupado. O equilíbrio está em poupar, ou não poupar, na medida que seja adequada para o seu bem viver.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Tristeza pra quê?

Tá triste? É muito difícil saber qual é a dose de tristeza aceitável dentro da gente, eu acho. Tristeza é uma coisa inevitável ao longo da vida, o engraçado é que dificilmente, por mais vezes que a enfrentemos, sabemos como lidar da melhor forma com ela. Ela aprece com diversas máscaras e em vários níveis de intensidade e por isso seu sobrenome é armadilha. Ela se disfarça e dá o bote quando você menos espera, mas não se desespere. Se você cair, procure um meio de sair.

Algumas pessoas nascem com o dom admirável de enganar a tristeza, estão sempre alto astral. Elas devem ter seus momentos de fraqueza, todos temos. Porém, se sobressaem na hora de se desprender. Se você não é uma dessas pessoas, como eu, posso afirmar que a busca pela solução nunca tem fim, é reflexão eterna. Existem determinados assuntos que não valem a pena serem ruminados, e por mais que eles insistam em voltar, enfrente-os. Se tem uma saída, realize-a o mais breve possível, se não tem, lixo, faz favor. Memória seletiva nessas horas nunca é demais, porque o que guardamos dentro da gente reflete no que somos verdadeiramente.

Tá triste? Cante. Não só porque "quem canta seus males espanta", porque às vezes só isso não adianta, mas cantar uma música que você gosta mexe com a sua energia. Solte o corpo, se aventure a dançar. Você pode não gostar, mas tem que tentar. Eu por exemplo adoro um forró, sei alguns na ponta da língua. Cantar e dançar te distrai. Ver um filme também serve, mas é paliativo. Quando o filme acaba, voltam os pensamentos. Escreva, não importa se é poético, mas desabafar no papel faz bem. Cozinhe, a cozinha te deixa ocupado demais pra se preocupar com outra coisa. A solidão atrapalha, escolha boas companhias. Se não for possível, ao invés de ocupar sua mente pensando nos problemas, tente enchê-la com seus sonhos e projetos. Ocupe seu tempo buscando uma forma de realizá-los.

Não se cobre tanto, tudo na vida tem um equilíbrio. Tristeza existe para sabermos como é bom ser feliz. Se não conseguiu hoje se livrar dela, lembre-se que amanhã é um novo dia. O importante é não desistir.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Sobre distância

Eu fico indignada de ver como a distância é massacrante e arrasadora. Estou falando da distância física, quilométrica. Aquela frase que todo mundo diz - "quem inventou a distância não conhecia o amor" - é com certeza uma das maiores verdades que a vida faz questão de provar. Não, não existe isso de "a distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno e inflama o grande". Para mim é claro e cristal como água: a distância distorce os fatos, entranha-se dentro do pensamento transformando tudo que é concreto em duvidoso. É horrível viver longe de quem se ama, e essa verdade é soberana.

Não estou afrimando que relacionamentos à distância, sejam eles de quaisquer natureza, são fadados ao sofrimento absoluto ou ao fim. Pensa bem, se relacionar já é difícil por natureza, mas o ser humano não nasceu pra ser só e por isso precisa adaptar-se. Imagina quando você adiciona um ingrediente que é incapaz de ser esquecido? É como você comer uma comida com muita pimenta, não dá pra ignorar a sensação que ela deixa (se a pimenta não for tão desagradável pra você quanto é pra mim, pense em outra coisa bem amarga para o seu vocabulário). Eu tenho essa crença, talvez boba ou não, de que os obstáculos da vida são pra ser superados. Obstáculos esses que deveriam ser mutantes, não permanentes. É claro! Se você luta contra um obstáculo permanente em diversas ocasiões é a mesma coisa que buscar soluções diferentes para o mesmo problema: chega uma hora que as medidas tornam-se paliativas. Nesse momento, você passa, ao invés de superá-lo, a suportá-lo. Mas todas, eu digo TODAS, as nossas barreiras são frágeis. Ser humano nenhum é de aço.

Eu diria que a distância casual é suportável. A temporária é dolorida, mas admissível. A permanente é desumana. Quem ama quer estar perto ou junto a todo momento, quando possível. Distância e amor não são duas palavras que se misturam. É como água e óleo, você pode mexer o tanto que quiser e por algum breve momento, com a água em movimento, podemos ter a ilusão de que finalmente se ajustaram. Quando a água para, tudo volta ao normal.

Eu vivo dizendo que ter saudade é bom, porque quem sente saudade, sente carinho. E que saudade também é o mesmo que ter em si o mais belo sentimento existente, o amor. Contudo, eu também sempre digo que tudo em excesso faz mal. É necessário ter muita paz de espírito pra controlar esses sentimentos tão avassaladores... Saudade... Saudade... Saudade.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O fim?

Estive pensando durante esses dias e fiquei com muita vontade de compartilhar. Refleti sobre o fim das coisas. Sim, o fim. O fim do ano, o fim da vida, o fim do colégio, o fim dos relacionamentos, o fim do dia, das festas... O fim das coisas.

Todo fim provoca algo dentro da gente. Seja lembrança, seja saudade, seja a necessidade de refletir, e talvez algumas outras coisas. Na maioria dos seus casos, o fim também provoca tristeza e fica muito difícil, então, enxergar algo bom nele. O fim às vezes tem um sabor amargo que é mais forte a curto prazo, porque a lembrança é recente e a dor inesquecível. Porém, também existem os fins saboreáveis, aqueles que deixam lembranças mais doces. O importante é entender que cada um deles têm uma função na nossa vida.

Eu acredito que as experiências vividas que deixam lembranças marcantes não saem da nossa memória, de nada adianta se esforçar para esquecer. Elas são eternas, e ficarão para sempre no gene da sua história. Cabe então a nós decidirmos o melhor modo de lidar com nossas lembranças pra que delas restem um sorriso, não uma lágrima.

Eu tenho uma lembrança dessas, que não há nunca de sair de mim, apesar de tantos anos já terem se passado. Eu era garota, com meus 9 anos talvez, quando certa vez, alguém, nada geniosa como eu, berrou ferozmente me dando uma bronca porque a televisão estava muito alta e tinhamos visita em casa. Assustada, corri para o quarto e desatei-me a chorar. Mas não caíram duas lágrimas quando ela entrou no quarto, ajoelhou no chão para ficar do meu tamanho, olhou-me nos olhos e me abraçando disse: perdão meu amor, titia te ama muito. O fim dela chegou, e é verdade que nunca me esqueci daquele sentimento de medo da bronca, mas quando lembro sinto seu abraço e seu amor ao me pedir perdão. E isso é uma lição que eu levo para o resto da minha vida, porque aquela é a última lembrança que tenho dela. Logo depois ela partiu, deixando saudade não de um tempo anterior, porque pouquíssimas lembranças tenho dela, mas de um único momento em que ela foi capaz de me ensinar o valor que tem um perdão.

Eu fico possessa quando as pessoas fazem questão de viver na amargura porque o fim chegou. O fim chega para todos e para tudo. Ficar triste é normal. Ficar amargurado para o resto da vida a ponto de não ter lembrança de nenhuma parte boa, nenhumazinha, não. Sentir dor é humano, e nos enfraquece. Nos deixa mais sujeito à mesquinhez. Não estou afirmando que é fácil, somente propondo que precisamos canalizar nossos esforços em prol de resultados positivos. Chico Xavier dizia que embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Fazer um novo fim pode ser transformar suas lembranças e extrair delas os sorrisos, porque chorar faz muito bem e lava a alma, mas sorrir a alimenta.

Nota ao meu leitor.
Não sei se eu já falei sobre isso alguma vez, e perdoe-me se às vezes me repito... É que os temas são os mesmos, mas as reflexōes são mutantes.
Obrigada por ler!