domingo, 9 de setembro de 2012

Ah... A fama.

Eu me lembro bem de quando, ainda pequena, fazia entrevistas comigo mesma no chuveiro, fingindo que era uma atriz estrangeira famosa. Inventava palavras falando um inglês inexistente e a minha mão era o microfone de vários repóteres imaginários. A fama era um sonho meu à época.

Um dia, navegando pela internet, vi uma foto da atriz Emma Watson, cuja personagem em Harry Potter é Hermione Granger, que me chocou. Terminados todos os filmes da série, ela cortou suas longas madeixas tão, mais tão curto quanto o cabelo de um menino. O preço para se livrar, ilusoriamente, de uma personagem.

No outro, eu estava na fila pra pagar o pão quando vi na televisão de anúncios uma foto da atriz Carolina Ferraz com a seguinte legenda: a fama é uma droga, é destrutiva, não existe nada que venha dela que seja positivo. Isso também me chocou. Eu pensei que nunca tinha visto alguém falar abertamente sobre o lado incômodo da fama.

Na sexta-feira passada eu fui à um encontro de ex-alunos do meu colégio, de várias épocas. Surpreendentemente, Zélia Duncan é uma. Nesse dia quem ficou incomodada fui eu. Ela não pôde fazer uma visita normal, é óbvio. Foi constantemente assediada, sem que pudesse, nem por um minuto sequer, refletir sobre sua nostalgia.

O pior é pensar que muitos deles, os famosos, são julgados mal-humorados ou mal-educados porque são socialmente obrigados a ser simpáticos o tempo todo. Imagina você ter que fazer as compras do supermercado e não conseguir porque as pessoas querem autógrafos e fotos? É uma balança muito difícil de ser equilibrada.

Talvez a fama seja como os raios de sol na superfície de um mar ou lago. O reflexo é belíssimo pra quem vê, mas os raios se enfraquecem debaixo d'água. E quanto mais fundo, mais escuro fica. Ou como uma máscara, que por mais linda que seja, com o tempo pesa no rosto.

É fácil perceber que, no meio artístico, ser reconhecido pelo seu trabalho é intimamente ser atrelado à fama. Todo mundo ouve falar que a fama tem um preço, mas desconhece-o até ter que pagá-lo.