sexta-feira, 23 de março de 2012

Dançando na chuva

Eram dois jovens se amando debaixo da copa de uma belíssima árvore. A grama, verde como o horizonte de um mar, confortava-os como se ali fosse um lar. Eles se olhavam apaixonadamente e trocavam juras de amar eternamente. Um jovem quando ama vive tudo intensamente, dando um ar de imutabilidade ao que se sente. Certo dia, ele a presentou com uma rosa vermelha e um pedido de namoro. Quanta alegria! Era o início de uma história promissora. Tudo que tem amor é promissor... Né?

Alguns meses se passaram e a felicidade prometida foi ficando cada vez mais escondida. Eram tantas as diferenças, sem contar nas desavenças. Sem rumo, sem conversa, uma coisa era certa: o fim. Foi ele que desistiu, na mesma grama que os assistiu. Ele não disse adeus. Nem ao menos respondeu as perguntas desesperadas de uma menina apaixonada. Em silêncio permaneceu, em silêncio aquiesceu. Ela disse adeus. Ele puxou-a pelo braço e envolveu-a num abraço sem fim. E pôs se a chorar. Não tente entender. Não tem explicação. O coração e a razão são tão mirabolantes que têm o dom de serem inexplicáveis.

Muito tempo depois que ele se foi, voltou. Dessa vez a presentou com uma rosa de vidro verde. Se disse arrependido e teve seu pedido atendido. Como é doce o coração de uma mulher. Ela deu-lhe uma chance que não foi o bastante para fazê-lo feliz. Cantou:

A "rosa" que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou

Ela disse adeus de novo, para nunca mais.

A moral da história é que é muito importante refletir sobre a hora de desistir. Certas decisões marcam uma vida inteira e por mais que você queira, não pode voltar atrás. Se arrepender e errar faz parte da vida, por isso, é fundamental ter consciência dos nossos próprios atos. Lembrança é uma coisa que pode adoecer a alma, se você não fizer as suas escolhas com muita calma.

Um vidro que se quebra e cola fica todo marcado, cheio de cicatriz. Toda história tem dois lados: o feliz e o infeliz.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia bonito

O dia amanhece
A tarde enternece
A noite escurece
A cidade adormece
E quem conhece,
se esquece
Do desfruto das belezas,
que a alma enriquece

O canto do vento
O brilho das águas
São tantos relentos
Que acalmam as mágoas

A mãe natureza
E a sua grandeza
Reflete a pureza
Das suas riquezas

Perdeu, me parece
Quem não reconhece
A beleza serena
Das coisas 'pequenas'
Que traz a paz
Que o mundo jaz

Setembro/2009

quarta-feira, 14 de março de 2012

O choro

De que lhe adianta ficar sentada aí na rua
Se as nuvens negras da noite cobrem a tua lua?

Olha, já te vi chover de um tanto
Que as gotas de tão amargas, ficam salgadas
E perdi a conta de quantos
Discursos ouvi a vitrola tocando "só queria ser amada"

Já chega, levanta da minha janela
E procura para ti outra nova ruela
Porque se tu não cansas de repetir
Eu, sim, já me cansei de te ouvir

Eu sei meu bem
Te cansou o desmantelo
Não me esqueço também
Do querer mais zelo

Pobre do coitado
De quem exiges tanto cuidado

Não me tenha como mau
Já passei por quase igual
É desgostoso não se ter
Na medida do que se quer
É difícil se conter
Muito esforço isso requer

Mas nem sempre nosso nobre espectador
Consegue enxergar o tamanho da tua dor

A história repetida da tua vida
Me deixa comovida
Mas fatigada
Por favor, procure outra calçada

Porque se tu nunca parares de chover
Não verás as estrelas que brilham para você