sábado, 26 de dezembro de 2015

O olhar da descrença

Vi outro dia que vocês se separaram. Como tantos outros que acabo acompanhando pelas redes sociais, torcia por vocês, mesmo sem ser muito íntima, mesmo sem conhecê-los direito. Sempre me dói. Eu fico me perguntando, por quê? É que vocês especificamente tinham uma longa jornada. Superaram alguns sustos, outros desafios, e têm um elo sorridente que os unirá pra sempre.

Eu invariavelmente comecei a refletir sobre relacionamentos. Por quê eles acabam? Às vezes começam por motivos frágeis: medo de ficar só, dinheiro, comodismo, interesses interpessoais... São muitos. E se começou sólido, quando as promessas deixam de fazer sentido? Por quê o para sempre perde lugar para o enquanto durar? A verdade é que o tempo se encarrega de muitas mudanças se não há espaço para o diálogo. Situações mal resolvidas transformam as qualidades em defeitos, a paciência em intolerância, a confiança em descrença e a harmonia em desequilíbrio. Os sentimentos negativos cegam, e não sobra nenhum espaço para o perdão, nem para o amor. Muitas vezes jogamos no lixo uma caixa inteira de frutas só porque uma ou outra apodreceram.

É tão comum cobrar e julgar o próximo sem ao menos olharmos no espelho. O grande mal da humanidade é eu querer que você aja e reaja igual a mim, porque a minha concepção de mundo é verdadeira demais para que eu tente compreender a sua. Se sou fiel a minha crença, contribuo como posso e faço o que acho que me é devido, então cumpri a minha parte – e se você não me conhece profundamente, não tem direito algum de cobrança. E é tão comum sermos sumariamente rotulados por nossas escolhas porque soberba a gente vê de sobra por aí. Soberba é aquela mania que alguns têm de se acharem melhor que os outros e de serem juízes de histórias que não lhe pertencem.

Um atitude bem pequena ou uma palavra tão comum podem nos aproximar ou afastar das nossas relações mais próximas. Eu quero pra mim e pra você um ano novo com mais tentativas de compreensão do que julgamento e com mais tolerância, humildade, perdão e amor. É muito mais fácil escrever do que fazer... O que não pode é deixar de tentar – por mais resgates e menos abandonos.