segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma carta apaixonada

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que eu te vi. Você fazia uma careta por causa da luz forte no seu olho, e mesmo assim te achei a criatura mais fascinante que meus olhos já pudessem ter visto. Foi amor à primeira vista. Me apaixonei tão perdidamente que meu corpo, meu coração e minha mente já não pareciam mais meus.

Eu me lembro da primeira vez que você me beijou. Um beijo tão singelo, tão puro, que acelerou as minhas batidas e borboletou a minha barriga. Era a felicidade que me dominava. Nunca na vida achei que pudesse conhecer um amor assim, que a gente sente tender ao infinito.

Eu lembro de cada toque, de cada sorriso, de cada olhar, de cada abraço seu. O mundo parecia deixar de existir à minha volta quando eu te tinha nos meus braços, adormecido. O seu amor me tornou uma pessoa melhor e exigiu de mim paciência, sabedoria e serenidade.

Filho, eu sinto tanto a sua falta. Os anos se passaram, mas o tempo ficou parado pra mim. A saudade é a mesma e a sua lembrança é presente. No passado eu tentei deixar a dor e a tristeza, mas tem dias que elas me acompanham. Meu anjinho, eu te amarei eternamente.

Um beijo, papai.




Nunca tive filhos. E nem sei o porquê, mas sempre penso nos pais que perderam os seus. Não sinto a dor deles, mas sinto tristeza ao pensar que o ser humano pode conhecer essa dor. Ter Deus no coração é essencial para sobreviver à vida terrena.

domingo, 12 de agosto de 2012

Minha borboleta e eu


Não sei por que motivo comecei a divagar sobre minha tatuagem hoje. Nunca escrevi um texto sobre minha borboleta azul. Muitos não entendem o por quê de uma tatuagem, mas a verdade é que só uma pessoa precisa dessa explicação: a gente mesmo.

Sempre fui apaixonada por tatuagens, das mais simples, confesso. Não julgo quem tatua partes inteiras, mas o que mais me encantava mesmo eram as pequenas, ou as que continham algum significado. Papai tem um cavalo alado que eu adoro tatuado nas costas. Mamãe fez a dela, um beija-flor, depois que eu nasci. Fiquei encantada com as cores do pequeno voador. Desde que me entendi por gente afirmava que um dia teria uma. Chegado os meus quinze anos, eu insisti tanto, mas tanto, que meus pais acabaram vencidos pelo cansaço. Mas não sem antes muito diálogo do tipo: é pra vida toda, cuidado, faça bem a sua escolha.

Eu sempre dizia que ia tatuar um golfinho, porque os achava lindos. Com a certeza de que poderia fazer uma tatuagem em mãos, decidi repensar a minha escolha. Um dia, sentada em frente a uma biblioteca vi uma borboleta voando. Num piscar de olhos ela sumiu. E em outro, reapareceu. Lembrei de muitas pessoas falando sobre como eu mudava rápido de assunto em uma conversa. Até eu mesma já pensava isso de mim: um turbilhão de pensamentos numa fração de segundo. Como o voo da borboleta. Inquieto e agitado, como meus pensamentos e eu mesma.

Num outro dia, estava passeando numa trilha em um clube e me deparei com uma borboleta de asas marrons pousada numa pedra. E eu pensei: nossa, que borboleta feia. Qual não foi a minha surpresa quando ela alçou voo, ao abrir as asas revelou um azul escuro belíssimo, como eu jamais tinha visto. Eu pensei que também era assim. Tem dias que eu me sinto horrível, mas em outros me sinto bonita. E pensei que é o interior que vale, não a aparência.

Por fim, vi uma cena em que uma personagem dizia que a borboleta é o símbolo da superação. Ela tem que passar por muitas fases até chegar a ser o que é. Eu tive que passar por muitas fases atė chegar a ser o que sou. E todos os dias tenho que aprender mais a me aceitar, a me superar.

Minha borboleta é parte de mim e tem asas como a tatuagem dos meus pais, que certamente são os maiores responsáveis pela minha superação de todo dia. Asas que foram me dadas para alçar voos inacreditáveis.