terça-feira, 12 de agosto de 2014

Deus?

Esses dias eu estava cantarolando uma música que o padre da minha igreja cantava sempre na homilia da missa, dizia assim: "dai-me um coração igual ao teu meu mestre / coração disposto a obedecer / cumprir todo teu querer / dai-me um coração igual ao teu". Um ateu ouviu e perguntou se a mim não incomodava que a música – ou a igreja, como entendi – pregasse a submissão. Respondi – submissão, onde? Ele respondeu – essa coisa de obedecer e cumprir o querer. Perguntei a ele se ele achava submissão a obediência que deve a seus pais. Ele não respondeu. Complementei dizendo que Deus está para nós, assim como nossos pais estão para nós. Pareceu-me convencido porque respondeu – é por isso que eu gosto de conversar com você.

Mas minha intenção não é falar de igreja, religião ou não religião. É que lembrei-me hoje de um dia que alguém me disse que "isso de sete pecados capitais é uma bobagem". Os sete pecados, sendo dogmas ou não, dizem muito sobre o mundo de hoje e as pessoas não se dão conta de que com meras palavras ou (não) ações tornam suas rotinas mais desagradáveis.

Você pensa que preguiça é ficar na TV o dia todo ou dormir até mais tarde todo dia? Na verdade é falta de vontade pra ajudar quando alguém pede – às vezes é uma coisa bem ridícula que faz a gente perder cinco minutos do nosso tempo e mesmo assim praguejamos.

Porquê não podemos enxergar na ira a falta de paciência que a contemporaneidade de um mundo cada vez mais veloz expande? Acho que o melhor reflexo disso é o trânsito – como as pessoas são violentas lá. Mas tem outros exemplos que podemos achar bestas, e não acho que sejam menos graves... Como quando aquele avô passa o dia ditando "não faça isso meu filho, vai te fazer mal" e você faz o quê? Pragueja.

Avareza não é só sobre dinheiro... É sobre doação de si mesmo – até que ponto chega o egoísmo das pessoas que economizam sentimentos?

Inveja pra mim é o mal do século. Não esse mimi de que as pessoas são falsas, querem tudo o que eu tenho e falam pelas costas – disso até a antiguidade tava cheia. Tá faltando é gente pra sentir-se genuinamente feliz com a conquista alheia – daqueles amigos que você cultiva a vida toda e sabe que torce por você.

E soberba que todo mundo fala que é orgulho ditando que você é melhor que os outros... Eu diria, com melhores palavras, que parece mais com falta de humildade para reconhecer os próprios erros. 

Quantas vezes você se olhou no espelho e reconheceu todas as suas falhas – no dia ou na vida? Quantas vezes você as repetiu? Uma vez eu ouvi uma pessoa dizendo a outra "isso aí não vai adiantar nada", enquanto ela respondeu "eu prefiro ser um grão no meio de nada, do que ser um nada no meio de nada".

Às vezes eu me pergunto quantas vidas são necessárias para se aprender a prática em vez da teoria. É bem mais difícil fazer do que falar.