domingo, 27 de janeiro de 2013

Morena da flor


Melissa tem os cabelos negros como a noite e os olhos cor de jabuticaba. Morena com cheiro de flor, por causa do perfume. Apaixonava-se facilmente... Tinha um sonho romântico do príncipe encantado.

Um dia, ofereceram-lhe um botão de rosa vermelho:

- Morena, pra nós todo amor do mundo.

Bastou. Encantou-se, é preciso dizer mais? Só que como a flor que é arrancada do jardim e morre, assim era aquele romance disfarçado de eternidade. Não por falta de amor, por falta de escolha.

- Não tem nada que eu possa dizer que faça mudar tua escolha?

Não, respondeu friamente o moço da rosa, apesar de na hora do adeus ter pedido um abraço e chorado lágrimas de arrependimento. Vai entender...

Um outro dia, bem distante daquele ali de cima, conheceu um amor tão puro que esqueceu de todos os outros. Nem sabe se foram amores... O moço da rosa voltou. Dessa vez deu uma de vidro, verde:

- É verdade que minha flor serviu pra que você achasse alguém?

Melissa não respondeu e também não disse adeus.

Duas pessoas não seguem caminhos diferentes por conta de um capricho do destino ou atalhos do acaso. É muito comum ter uma parte que escolhe pela outra. Nesse caso, sem opção, o que fazer, senão tentar esquecer? É assim que as pessoas que fazem parte da nossa vida, passam a ser lembranças e depois vestígios.

Escolher ficar com quem você ama, sabendo de todos os riscos e dificuldades que existem no amor, é a escolha mais nobre que um ser humano pode fazer.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Branquinho charmoso

De branco, só os cabelos – lindos, por sinal – e a pele. O resto todo são cores: vivas e enérgicas.

A começar pela voz. A voz de radialista forte e grave que brada a todo instante. Nos domingos de manhã nos traz as notícias mais importantes. Na pia, enquanto lava as louças, nos canta um canto nordestino de Gonzaga: “já faz três noites que no norte relampeia (...)”. Do computador, a voz lê de tudo um pouco. Mas, a parte que eu mais gosto é quando chama: “ô Letícia”, com aquele sotaque especial.

A alma é nata de um Tôrres: agitadíssima e às vezes bem nervosa. É teimosa e muito brincalhona. É dengosa e também sabichona. É uma alma pela qual todo mundo se apaixona. Sandália de couro nos pés, shorts, blusa social de manga curta, óculos escuros e – os acessórios indispensáveis – pente e caneta no bolso. Charme puro! Se chama vovô Zezinho, meu fã número 1.

Não importa o quão bonito eu possa escrever, palavra nenhuma no mundo pode expressar meu amor por você. Ele é grande demais pra caber aqui, como o mar que não cabe na sua janela.

Como é gostoso ter você na minha vida, branquinho charmoso.

É meu jeito de dizer: parabéns pra você! Te desejo toda sabedoria que alguém pode ter, porque saber é o que lhe dá mais prazer!

Eu queria que você vivesse mais 70 anos...


Te amo, Lelê.