quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Costurando

Hoje fui buscar umas roupas que mamãe mandou arrumar. Quando cheguei, a costureira não estava: tinha saído para fazer umas compras. Com isso, inferi que ao entrar no apartamento veria um tipo de casa misturada com loja. Enquanto esperava, observei o edifício. Era muito simples e tive dificuldade de saber se era residencial ou comercial, mas antes que eu chegasse a alguma conclusão, vi a costureira subindo as escadas.

Não me surpreendi quando abriu a porta para mim. O apartamento – com algumas prateleiras cheias de sacolas com roupas e linhas de todas as cores possíveis e imagináveis – era tão simples quanto o prédio e a moça. Ela pegou a sacola que tinha o nome de mamãe e tirou, uma por uma, as roupas. Ia conversando consigo, olhando as roupas para lembrar qual serviço fora feito em cada uma delas e anotando em um pedaço de papel os preços. No fim, somou e me deu a conta.

Quando ia embora, perguntei – por quê a senhora não usa um programa de computador para cadastrar seus serviços? Ela sorriu timidamente e respondeu – porque cada minuto que eu estiver no computador, as máquinas de costuras estarão paradas; e eu preciso desse minuto.

Se o mundo não fosse movido a dinheiro, o que cada minuto ia valer? Cada minuto deveria valer um sorriso, não uma lágrima. Um amor, não um ódio. Uma companhia, não uma solidão. Um abraço, um aperto de mão, um colo. Uma boa ação.

Cada minuto deveria valer viver as coisas boas da vida. Ainda tem gente que esquece disso.

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