Estava pronta pra ir embora, afinal já era chegada a hora de ir para a faculdade. Se levantou e topou com algo bem maior que ela. O palhaço de roupas largas, sapatos enormes e cores por todo o corpo tinha o rosto pintado com um sorriso e uma lágrima.
- Desculpa, não te vi moço - disse e ia saindo apressada.
- É Riso Triste - ele respondeu baixinho.
Ela se virou.
- Porquê? - perguntou.
Um segundo de silêncio se passou.
- Moça, minha vida era boa que é danada
Tinha amô, saúde, riqueza e alegria na minh' estrada
Uns perreguim aqui e outro ali
Mas nada que impidisse me divirtir
Um belo dia discubriru um mal em mim
E o dotô disse assim
Ocê pode vivê normalzim, se cuidar direitim
Levei a sério não, vivi do jeito que quis
Tudo do proibido, foi tudo que fiz
A escoia era minha, vivê ou morrê
Achei que vivendo a doença ia me esquecê
Hoje tô a beira da morte
Sem rumo, sem norte
Melissa se assustou. Não existe sutileza para falar da morte.
- Porque não volta da onde veio?
- Coragem? Tenho não
Vou caminhando ness' mundão
Buscando de Deus o perdão
Aviso não faltô
De todo mundo que me amô
Minha sina moça... Era fazê todo mundo ri sem pausa
Mas hoje muita gente chora por minha causa
Levantou-se e saiu cambaleando. De longe Melissa ouvia os soluços.
Ela não soube o que dizer. Sentiu-se de mãos atadas como todos aqueles que falaram e não foram escutados.
A vida é assim mesmo... Cada um tem dentro de si um aluno e um professor, de modo que só suas próprias escolhas definirão quem eles são.
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