terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O fim?

Estive pensando durante esses dias e fiquei com muita vontade de compartilhar. Refleti sobre o fim das coisas. Sim, o fim. O fim do ano, o fim da vida, o fim do colégio, o fim dos relacionamentos, o fim do dia, das festas... O fim das coisas.

Todo fim provoca algo dentro da gente. Seja lembrança, seja saudade, seja a necessidade de refletir, e talvez algumas outras coisas. Na maioria dos seus casos, o fim também provoca tristeza e fica muito difícil, então, enxergar algo bom nele. O fim às vezes tem um sabor amargo que é mais forte a curto prazo, porque a lembrança é recente e a dor inesquecível. Porém, também existem os fins saboreáveis, aqueles que deixam lembranças mais doces. O importante é entender que cada um deles têm uma função na nossa vida.

Eu acredito que as experiências vividas que deixam lembranças marcantes não saem da nossa memória, de nada adianta se esforçar para esquecer. Elas são eternas, e ficarão para sempre no gene da sua história. Cabe então a nós decidirmos o melhor modo de lidar com nossas lembranças pra que delas restem um sorriso, não uma lágrima.

Eu tenho uma lembrança dessas, que não há nunca de sair de mim, apesar de tantos anos já terem se passado. Eu era garota, com meus 9 anos talvez, quando certa vez, alguém, nada geniosa como eu, berrou ferozmente me dando uma bronca porque a televisão estava muito alta e tinhamos visita em casa. Assustada, corri para o quarto e desatei-me a chorar. Mas não caíram duas lágrimas quando ela entrou no quarto, ajoelhou no chão para ficar do meu tamanho, olhou-me nos olhos e me abraçando disse: perdão meu amor, titia te ama muito. O fim dela chegou, e é verdade que nunca me esqueci daquele sentimento de medo da bronca, mas quando lembro sinto seu abraço e seu amor ao me pedir perdão. E isso é uma lição que eu levo para o resto da minha vida, porque aquela é a última lembrança que tenho dela. Logo depois ela partiu, deixando saudade não de um tempo anterior, porque pouquíssimas lembranças tenho dela, mas de um único momento em que ela foi capaz de me ensinar o valor que tem um perdão.

Eu fico possessa quando as pessoas fazem questão de viver na amargura porque o fim chegou. O fim chega para todos e para tudo. Ficar triste é normal. Ficar amargurado para o resto da vida a ponto de não ter lembrança de nenhuma parte boa, nenhumazinha, não. Sentir dor é humano, e nos enfraquece. Nos deixa mais sujeito à mesquinhez. Não estou afirmando que é fácil, somente propondo que precisamos canalizar nossos esforços em prol de resultados positivos. Chico Xavier dizia que embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. Fazer um novo fim pode ser transformar suas lembranças e extrair delas os sorrisos, porque chorar faz muito bem e lava a alma, mas sorrir a alimenta.

Nota ao meu leitor.
Não sei se eu já falei sobre isso alguma vez, e perdoe-me se às vezes me repito... É que os temas são os mesmos, mas as reflexōes são mutantes.
Obrigada por ler!

2 comentários:

Nena disse...

Como é bom ler o que você escreve! Assim como sorrir, alimenta minha alma... Beijos
Nena

silvana disse...

Lê saudades!! PARABÉNS amei o seu artigo sobre "O fim?" sentir saudades de sua tia que tive a oportunidade de conhece-la e convivi um pouco com ela,pessoa difícil,mas, muito especial. quando você fala do perdão,me tocou profundamente,o Perdão pra mim é tudo,é saber amar,é crescer espiritualmente,é ser cristã, é tudo...Continue escrevendo temos muito a aprender com você. bjo no coração. Tia Sil.