quarta-feira, 14 de março de 2012

O choro

De que lhe adianta ficar sentada aí na rua
Se as nuvens negras da noite cobrem a tua lua?

Olha, já te vi chover de um tanto
Que as gotas de tão amargas, ficam salgadas
E perdi a conta de quantos
Discursos ouvi a vitrola tocando "só queria ser amada"

Já chega, levanta da minha janela
E procura para ti outra nova ruela
Porque se tu não cansas de repetir
Eu, sim, já me cansei de te ouvir

Eu sei meu bem
Te cansou o desmantelo
Não me esqueço também
Do querer mais zelo

Pobre do coitado
De quem exiges tanto cuidado

Não me tenha como mau
Já passei por quase igual
É desgostoso não se ter
Na medida do que se quer
É difícil se conter
Muito esforço isso requer

Mas nem sempre nosso nobre espectador
Consegue enxergar o tamanho da tua dor

A história repetida da tua vida
Me deixa comovida
Mas fatigada
Por favor, procure outra calçada

Porque se tu nunca parares de chover
Não verás as estrelas que brilham para você

3 comentários:

Unknown disse...

"É desgostoso não se ter
Na medida do que se quer
É difícil se conter
Muito esforço isso requer"

Minha parte preferida.

Júlia Dalóia disse...

Perfeito texto (:

Nena disse...

"Mas nem sempre nosso nobre espectador
Consegue enxergar o tamanho da tua dor"

Ai,ai...